Por dentro da ressonância magnética

O que acontece dentro do aparelho que consegue escanear nosso corpo por inteiro?

A RESSONÂNCIA MAGNÉTICA é uma tecnologia revolucionária, não apenas por produzir imagens de todos os tecidos do corpo com grande detalhamento, mas porque, ao contrário do raio-X, não expõe o corpo à radiação. “O aparelho utiliza um campo magnético e ondas de radiofrequência, portanto sem radiação ionizante”, explica o Dr. Hamilton Picolo Guidorizzi, médico radiologista que integra o corpo clínico do laboratório. A seguir, saiba mais sobre essa máquina tão importante para a medicina contemporânea.

 

O QUE O MÉDICO DEVE SABER

Implantes de metal no organismo ou objetos metálicos nas vestimentas podem ser perigosos e causar interferência na imagem. Por isso, pessoas com marca-passos, clipes de aneurisma ferromagnéticos, neuroestimuladores ou próteses de ouvido não removíveis não devem se submeter ao exame. Essas informações devem ser assinaladas no formulário entregue ao paciente antes do exame.

 

ALERTA PARA PLACAS E TATUAGENS

Os pulsos de radiofrequência fazem metais conduzirem calor. Por isso, objetos metálicos, como placas e pinos, podem esquentar durante o exame. O mesmo vale para tatuagens, porque pode haver ferro na composição da tinta. Guidorizzi explica: “Hoje, em geral, as tintas são à base de extrato vegetal, mas é difícil certificar-se de que não há outros elementos. Por segurança, o exame só deve ser feito de quatro a seis semanas após a realização da tatuagem”.

 

PARA DEIXAR O EXAME MAIS TRANQUILO

Pacientes que porventura sofram desconforto dentro do aparelho, no espaço chamado gantry (o tubo do equipamento de ressonância magnética), podem passar por uma simulação antes do exame. Caso essa medida não funcione, o profissional pode administrar um sedativo leve ou, em casos extremos, anestesia geral. Além disso, alguns tipos de análise permitem a utilização dos equipamentos de campo aberto, perfeitos para pessoas com claustrofobia.

 

MAIS POTENTE QUE A TERRA

A força do campo magnético gerado pela maioria dos aparelhos utilizados na prática médica é de 1,5 Tesla, cerca de 100 mil vezes mais forte que o campo magnético da Terra!

 

TUMORES E ATIVIDADE CEREBRAL

É o método mais usado para detectar cânceres e avaliar como o paciente está reagindo ao tratamento. Também mapeia a atividade cerebral, sendo útil à prática clínica e como ferramenta de pesquisa, além de ajudar a minimizar o risco de sequelas em neurocirurgias.

“No futuro, podemos ter aparelhos mais rápidos e silenciosos, uma fusão da ressonância magnética com o PET-scan (um tipo de ressonância que permite o mapeamento de diferentes substâncias químicas no organismo) e o estudo molecular”, diz Guidorizzi.

 

POR QUE TANTO BARULHO?

Os aparelhos de ressonância fazem muito ruído por causa da vibração das correntes de suas bobinas. “Alguns fabricantes conseguiram atenuar um pouco esse barulhão, mas não acabar com ele. Por isso, são fornecidos protetores auriculares que reduzem os ruídos em até 30%”, explica o médico. Mesmo alto, o som não provoca danos à audição.

 

COMO FUNCIONA

O aparelho atua como um grande ímã. Segundo Guidorizzi, “o paciente é colocado no centro dele e ondas de radiofrequência, iguais às de celulares ou de rádios FM, são emitidas sobre a região desejada. Elas fazem com que as células dos diferentes tecidos produzam uma energia, que é captada e amplificada por uma ‘antena’. O aparelho faz cálculos com os dados coletados e os converte em uma imagem digital”.

 

TEMPO DENTRO DA MÁQUINA

O processo dura em média 20 minutos. Mas, caso seja necessário maior grau de detalhamento, como em exames de abdome e cabeça, esse tempo pode ser prolongado. Há também tipos de ressonância que já conseguem diminuir o tempo do exame, como a 3.0 Tesla, por exemplo.